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Porque o Dividend Yield (DY) é essencial na análise de algumas empresas.

Roberto Coutinho

“O DY está longe de ser o principal indicador que eu dou importância em minhas análises, porém, para empresas que não crescem ela é o ponto chave”.

Vamos pegar Itaúsa, Grendene e Ambev, três empresas de crescimento praticamente zero já faz anos.

Itausa entregou aos seus acionistas em DY de aproximadamente 9% em 2019. Não que ela vá continuar entregando esse DY alto pelos próximos anos, talvez caia um pouco, tudo depende das decisões da companhia em relação ao uso do caixa excedente. Nesse momento a Itausa é negociada à 11 vezes o lucro por ação.

Enquanto isso, Ambev e Grendene não chegou à 3% de DY. Ou seja, ambas não estão nem conseguindo te entregar algo maior do que a inflação. Seu ganho real é negativo! Ambev é negociada à 26 vezes o lucro por ação, e a Grendene à 20 vezes.

O fato é que o valor de mercado da Itausa é muito mais justo do que da Ambev e Grendene, por isso o DY é mais alto. Também não vejo nenhum fator de risco que possa justificar essa diferença. As três tem nível de risco baixo e boa previsibilidade de fluxo de caixa. Acho a Grendene a mais frágil entre as 3 em termos de negócios.

Acredito que algumas pessoas estão confundindo investir em ações, que supostamente deveria ser uma análise fria e calculista, para um apego aos tickers ABEV3, GRND3, pelos produtos que elas vendem, ou seja lá o que for. Essas duas empresas tão amadas pelo público (e de fato concordo com a admiração de suas respectivas gestões) não conseguem aumentar o faturamento há alguns anos. 

Para a Ambev a situação ainda é pior, já tem quase uma década sem aumentar faturamento e lucro. A Grendene ainda conseguiu algum crescimento nos lucros através da melhoria nas margens operacionais e principalmente das receitas financeiras provenientes de seu robusto caixa.

Como todos sabemos, a valorização da ação segue o crescimento do lucro. Sendo assim, não temos muito a esperar delas em termos de ganho de capital, os dividendos é o que resta. E não há nada de mal em querer investir em empresas estáveis e com boa previsibilidade, resistentes  a etc. Mas ninguém quer ter rentabilidade baixa, muito menos abaixo da inflação.

 A rentabilidade total do investidor vem da valorização das ações e dos dividendos. Se você reinvestir os dividendos ao longo do tempo, potencializa o efeito dos “juros compostos”. No entanto, reinvestir dividendos em empresas que não tem valorização, reduz e muito a curva exponencial de crescimento de seu patrimônio.

Investir em tais empresas é como investir num CDB que te pagará no máximo 3% líquido ao ano de rendimento. Veja bem, estou considerando o valor de mercado atual, ok?! Sei muito bem que a Grendene estava sendo negociada à valores mais razoáveis há um ano. Agora já a Ambev, esquece! Quase 10 anos sendo negociada na mesma faixa de preço. 

No longo prazo, não existe valorização sem crescimento nos lucros, coloca isso na sua cabeça. Aprenda a interpretar o cenário como um todo para não tomar decisões com base no emocional. Não precisa ser expert em Valuation para entender que tais empresas não são negociadas no valor justo e vão te entregar um rendimento medíocre.

Roberto Coutinho Machado
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