Ao traduzir da língua japonesa, Heikin-Ashi representa o ritmo médio dos preços. O conceito foi criado em 1700 por Munehisa Homma (o mesmo criador dos candlestick). No século XVIII, o comerciante idealizou que a partir das referências dos preços e seus períodos de compra há o resultado de uma média indicativa do mercado.
Hoje, Heikin-Ashi é considerado um método eficiente de filtrar o ruído presente nos preços e facilitar a identificação de tendências e reversões. Entretanto, antes de aprofundar o estudo do seu padrão de análise é importante entender por completo o gráfico de velas tradicional.
Como é calculado o Heikin-Ashi?
Heikin-Ashi se calcula no mesmo formato do gráfico de velas. Porém, os corpos e as sombras funcionam com novos valores:
HAclose = (O0 + H0 + L0 + C0) / 4
HAopen = (HAopen-1 + HAclose-1) / 2
HAhigh = máx(H0, HAopen0, HAclose0)
HAlow = mín(L0, HAopen0, HAclose0)
Onde: O, H, L, C são a abertura, máxima, mínima e fechamento da vela no sistema normal (open, high, low, close, respectivamente); HAopen, HAhigh, HAlow, HAclose são abertura, máxima, mínima e fechamento da vela Heikin-Ashi; e os números subscritos “0” ou “-1” são referentes ao período atual ou à vela anterior, respectivamente.
Para a primeira vela Heikin-Ashi, use os valores das últimas velas “normais”. Sendo assim:
- Calcule o HAclose do OHLC a partir dos dados da vela que é sua referência.
- Faça a operação do HAopen com a média da abertura e do fechamento da vela “normal”, portanto as máximas e mínimas serão coincidentes.
- Após calculada a sua primeira vela Heikin-Ashi, é possível simplesmente seguir as fórmulas descritas acima.
Veja um gráfico de vela tradicional comparado com o mesmo Heikin-Ashi:
Você visualiza melhor a tendência?

Figura 1 – Gráfico do IBOV em candlesticks

Figura 2 – Gráfico do IBOV em Heikin
A interpretação dos candles Heikin-Ashi não segue necessariamente as regras tradicionais (embora elas continuem válidas, veja abaixo). Talvez, em função do “alisamento”, seja adequado utilizar padrões mais genéricos. A tabela abaixo (Dan Valcu – Stocks & Commodities) resume as fases de uma tendência e os respectivos padrões Heikin-Ashi.

O maior trunfo das velas Heikin-Ashi é facilitar a identificação de tendências num gráfico. Basta um olhar rápido na figura acima e é possível identificar onde começa e acaba uma tendência.
Velas verdes (ou brancas) com corpos longos e praticamente somente sombras superiores são um sinal de uma tendência altista forte. Da mesma forma, velas vermelhas (ou negras) com corpos longos e sem sombras superiores, somente inferiores, são indícios de uma tendência baixista forte.
Velas de reversão de tendência são similares às doji, também conhecidas como estrela da manhã e estrela da tarde, ao qual tem um corpo pequeno, com a abertura e fechamento quase que coincidentes e longas sombras superiores e inferiores.
Apesar de ser uma ferramenta de trade extremamente eficiente, esse método apresenta algumas limitações importantes. Primeiramente, assim como todo filtro, parte do sinal pode ir embora com o ruído. Elementos como preços exatos e gaps são todos perdidos ao se visualizar em Heikin-Ashi. Além disso, como se trata de uma média, existe um atraso na chegada da informação. Os dados sempre aparecem mais suaves do que realmente são e o preço mais recente pode não refletir o valor real do ativo, o que afeta o risco da posição.
Observe o viés em relação às sombras do candlestick; altista para a sombra superior e baixista para sombra inferior. Também na quantificação do indicador Candlecode, a sombra superior tem maior valor ou seja, viés de alta em relação à sombra inferior. A identificação de uma forte tendência associada a corpos maiores e sem sombra assemelha-se aos padrões marubozu do candlestick tradicional. Corpos reduzidos em relação às suas sombras identificam situações de equilíbrio e indecisão (dojis, spinning tops, high-wave); no Heikin-Ashi sinaliza consolidação e mudança de tendência.
Talvez haja mais semelhanças do que diferenças entre o Candlestick e o Heikin-Ashi. Se o último perde em detalhes (que pode ser muito importante taticamente, no curto prazo), ganha em profundidade estratégica (longo prazo).
Jhonatas Souza