Quem acompanha meu trabalho sabe que eu não curto muito essa coisa de investir em commodities diretamente, mas certamente o ouro é a commodity mais poderosa do planeta, sendo capaz de manter seu preço sempre em ascensão ao longo do tempo.
Não gostar de commodities em carteira não significa que eu não invista nelas. Eu faço, mas de forma indireta através das empresas exploradoras. Meu raciocínio para isso é muito simples: se você pode eventualmente se dar bem com um aumento de preço da commodity em si, imagina então o quanto pode se dar bem ao investir numa empresa que tem seu negócio baseado nela? A capacidade de geração de valor ao investidor, é infinitamente superior.
Para exemplificar, vou falar sobre uma empresa de extração de ouro que invisto aqui no Canadá, a Kirkland Lake Gold Ltd. (ticker: KL). Em menos de 5 anos (empresa fez IPO em 2015) a Kirkland valorizou quase 2.500%, enquanto o ouro valorizou apenas 30% nesse mesmo período. Não é possível mensurar o valor justo do ouro, pois é um ativo que não gera fluxo de caixa. Porém, eu consigo enxergar o valor que a Kirkland está gerando: através dos balanços financeiros, acompanhando os planos de expansão e seu imenso apetite por crescimento. Isso é absolutamente palpável! E em casos de crise sistêmica no mercado financeiro mundial, oferece uma proteção tão boa quanto ou melhor do que investir em ouro diretamente.
Obs.: NÃO É RECOMENDAÇÃO DE INVESTIMENTO, estou aqui apenas compartilhando minhas experiencias pessoais como investidor.

Eu acabei de explicar para vocês a forma que eu acho mais interessante de se investir em ouro (ou qualquer outra commodity). Porém é preciso ressaltar que investir em empresas exige análise e monitoramento do negócio, pois toda empresa tem possibilidade de quebrar, principalmente se a gestão não estiver fazendo o dever de casa.
Para aqueles que não querem entrar no mérito da análise individual das ações, existe a possibilidade de investir num ETF de empresas de extração de ouro. Assim você polpa tempo de análise e deixa que a aleatoriedade e o longo prazo joguem a seu favor. Um desses ETFs é o RING (iShares MSCI Global Gold Miners), que tem em sua composição empresas de extração de ouro de várias partes do mundo. No ano de 2019 por exemplo, que foi um ano de boa valorização do ouro, o RING valorizou cerca de 50%.
Entretanto, se mesmo assim você quer investir em ouro diretamente, basta também fazê-lo através dos Gold ETFs. Os dois Gold ETFs mais negociados em bolsa são o SPDR Gold Shares (GLD) e o iShares Gold Trust (IAU). Ambos investem em ouro físico e tiveram retorno de cerca de 13% no ano de 2019. O ETF IAU tem taxa de administração mais baixa, de 0,25% ao ano, contra 0,40% do GLD.
Por fim, vale lembrar que todas as alternativas apresentadas não são possíveis através do mercado financeiro brasileiro, é preciso abrir uma conta numa corretora americana. Hoje em dia já existem várias corretoras que aceitam brasileiros, tais como a DriveWealth, Interactive Brokers, TD Ameritrade e Avenue. Na maioria delas você abre conta de uma maneira muito simples e não há exigência de um capital inicial mínimo para começar a investir. Na DriveWealth por exemplo você pode colocar o site em português. Não há mais desculpas aceitáveis para não investir no exterior!
Espero que tenham gostado das dicas.
Roberto Coutinho Machado