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Aprenda o Valuation aplicado de forma simples

Roberto Coutinho

“Quando você está avaliando uma empresa, o que importa primeiro são os fundamentos, depois você olha o preço. Mas porque algumas pessoas demonizam o Valuation? Simples, ele é utilizado com extrema má fé por alguns analistas“.

Q

Valuation de fato não é uma coisa fixa no tempo, ele muda realmente, mas não dessa forma absurda que os analistas fazem, que mudam o valor justo de uma empresa de semana a semana. Se uma empresa faz uma aquisição relevante (e boa) por exemplo, imediatamente isso aumenta a capacidade de geração de receita, lucros e de geração caixa da empresa. É óbvio que o Valuation vai ser outro. 

Assim também acontece para as empresas de commodities, pois o Valuation muda ao prazer do preço de produto no mercado internacional. Produto mais caro, mais geração de fluxo de caixa. Produto mais barato, menos geração de fluxo de caixa. Só eu sei como é difícil analisar esse tipo de negócio que não tem estabilidade ao longo do tempo. É um Deus nos acuda. Pra quem não tem estômago pra tanto vai e vem, é melhor ficar longe. 

Para os investidores comuns, que trabalham em outras atividades  não relacionadas à investimentos, usar técnicas Valuation de fluxo de caixa descontado, com planilhas Excel, taxas de desconto e projeções de fluxo de caixa, parece ser uma prática fora da realidade. Concordo 100%. Mas existe a técnica da avaliação relativa, que é uma continha de padaria e que não te toma mais do que segundos de cálculo. Ou você pode também pegar tais informações prontas em sites especializados.

Se você gosta das empresas X, Y e Z, quantas vezes o lucro anual você está pagando por elas ? O lucro é o que sobra depois de pagar todas as despesas operacionais e pagar os credores. Essa é a sobra que pertence ao acionista. Baseado nisso você tem uma coisa chamada de payback, ou tempo de retorno do investimento, usando o lucro líquido como parâmetro. Talvez não seja tão verdadeiro quando usar o fluxo de caixa livre, mas te já te dá uma boa direção.

“Ah mas o mercado é eficiente e precifica o que a ação realmente vale. Ponto final”. Apesar de eu não concordar em quase nada com essa teoria, o mercado é eficiente no longo prazo, onde o preço segue o crescimento dos lucros. No curto prazo o preço de qualquer coisa é definida somente pela oferta e demanda. Se há uma pressão compradora forte, o papel sobe. Se a pressão vendedora é mais forte, o papel cai. 

Se as ações X, Y, Z valem respectivamente 10x, 15x e 50x o lucro anual, é necessário entender sobre a trajetória dessas empresas e, principalmente, para onde elas estão indo. Há diversas razões que podem justificar o investimento na empresa que é negociada à 15x o lucro, ao invés de de investir na de 10x o lucro. Rentabilidade, características do negócio e perspectivas de crescimento, são algumas dessas variáveis. Porém, justificar um P/L de 50 já fica muito mais complicado, por mais promissor que seja a empresa.

Não é porque você tem uma ação que não pára de valorizar no curto prazo, significa que fez uma boa escolha. Afinal, no curto prazo os preços não são movimentados pelos fundamentos, mas sim pelo emocional (euforia ou pessimismo / demanda pelos ativos). No longo prazo a empresa sempre vai convergir para seu preço justo. Continue fazendo suas continhas de padaria, pois acredito que ninguém quer correr o risco de pagar por um negócio, mais do que ele realmente vale.

Roberto Coutinho Machado
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